Hasan Habee com grupo de brasileiros e familiares autorizados a deixar a Faixa de Gaza, em ônibus indo para a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, na sexta-feira (10) Reprodução/Hasan Habee
O embaixador Alessandro Candeas, representante do Brasil junto à Palestina, afirmou à CNN na manhã deste sábado (11) que ainda não há possibilidade de saída dos 34 brasileiros e familiares da Faixa de Gaza pela passagem de Rafah, na fronteira com o Egito.
Segundo Candeas, o pré-requisito para a abertura da fronteira para a evacuação dos estrangeiros contemplados com autorização para deixar o território palestino é a passagem de comboio de ambulâncias com feridos, que têm prioridade na fila para cruzar a fronteira.
A logística de deslocamento das ambulâncias, porém, foi prejudicada após bombardeios em grandes centros de saúde palestinos.
"Não há perspectiva para deslocamento desses veículos, pois há hospitais cercados e atacados, sem possibilidade de transferência de feridos do Norte para o Sul da Faixa", explicou o embaixador.
O grupo aguarda a liberação para cruzar a fronteira e, assim que chegarem no território egípcio, eles farão um trajeto de cerca de 55 km por via terrestre até chegar ao aeroporto de Al-Arish, no Egito.
Lá, uma aeronave da Presidência da República os espera os brasileiros para partirem ao Brasil. Antes dos ataques aos hospitais, a expectativa era de que o primeiro voo com repatriados de Gaza chegasse a em solos brasileiros no domingo (12).
Além dos 34 brasileiros já autorizados a deixar Gaza em lista divulgada na última quinta-feira (9), há um segundo grupo de cerca de 40 pessoas na região à espera de serem incluídas em uma próxima relação.
A informação foi confirmada à CNN por integrantes do alto escalão do Itamaraty nesta sexta-feira (10).
Os militares israelenses afirmaram que um projétil lançado de dentro da Faixa de Gaza teria falhado e atingido o hospital al-Shifa, o maior da região palestina, nesta sexta-feira (10).
"Hoje cedo, as FDI [Forças de Defesa de Israel] receberam relatos de um ataque ao Hospital al-Shifa, na cidade de Gaza. O escritório de mídia administrado pelo Hamas na Faixa de Gaza alegou imediatamente que este foi um ataque realizado pelas FDI", disse o porta-voz das FDI, tenente-coronel Richard Hecht, em nota enviada à CNN.
As FDI disseram que um exame dos seus sistemas operacionais indicou que "um projétil falhado lançado por organizações terroristas dentro da Faixa de Gaza atingiu o Hospital al-Shifa".
Os Médicos Sem Fronteiras afirmam ter perdido contato com sua equipe do Hospital al-Shifa.
"Nas últimas horas, os ataques contra o Hospital al-Shifa intensificaram-se dramaticamente. A equipe [dos Médicos Sem Fronteiras] do hospital relatou uma situação catastrófica lá dentro", disse o grupo humanitário em uma postagem no X, antigo Twitter, às 3h43 (horário de Gaza), nesta sexta-feira.
O grupo disse estar extremamente preocupado com a segurança dos funcionários e pacientes do Hospital al-Shifa, alguns dos quais estavam em estado crítico e incapazes de se mover ou evacuar.
"Há um paciente que precisa de cirurgia. Há um paciente que já está dormindo em nosso departamento. Não podemos nos evacuar e [deixar] essas pessoas lá dentro. Como médico, juro ajudar as pessoas que precisam de ajuda", disse Mohammed Obeid, cirurgião do hospital.
No norte de Gaza, Mustafa al-Kahlout, que dirige o hospital Al Nasr e o hospital pediátrico Al Rantisi, disse à CNN que eles estavam cercados por tanques e pediu ajuda à Cruz Vermelha para evacuar o local, também na sexta-feira.
Fonte: CNN Brasil