Azerbaijão ataca sistema lançador de mísseis no território da Armênia

Por Rogerio Magno em 14/10/2020 às 16:57:56
Movimento extrapola o território de Nagorno-Karabakh, onde os dois países estão em conflito armado, e acirra as tensões entre os dois lados. Imagem divulgada pelo chefe do departamento de política externa da presidência do Azerbaijão ao anunciar ataque a lançadores de mísseis da Armênia

Reprodução/Hikmet Hajiyev/Twitter

O Azerbaijão afirmou nesta quarta-feira (14), que atacou um sistema de lançamento de mísseis da Armênia no território do país vizinho, alegando que ele seria usado para atacar alvos civis azeris.

As duas nações estão em conflito desde o fim de setembro por causa de Nagorno-Karabakh, uma região separatista que fica no Azerbaijão, mas é de maioria étnica armênia (veja mais abaixo).

De acordo com as autoridades armênias, o equipamento atingido estava em seu território, e não na zona de conflito de Nagorno-Karabakh.

Em um comunicado, o Ministério de Defesa da Armênia acusou o Azerbaijão de "aumentar a geografia do conflito, atacando o território soberano da Armênia". Os armênios afirmaram que consideram ter o direito de atacar tropas e objetos militares do país adversário.

A porta-voz do ministério, Shushan Stepanian, negou qualquer tentativa de ataque a áreas civis no Azerbaijão.

Foi o quinto dia consecutivo de conflitos após um cessar-fogo negociado na Rússia que, teoricamente, deveria ter entrado em vigor no sábado.

Oleodutos

Mapa República de Nagorno-Karabakh

Alexandre Mauro/G1

O Azerbaijão ainda acusou a Armênia nesta quarta de tentar atacar seus oleodutos e gasodutos, alertando para uma reação "severa".

A Armênia reagiu dizendo que forças azeris querem assumir o controle de Nagorno-Karabakh e acusou o Azerbaijão e sua aliada Turquia de "agressão", apesar do acordo de cessar-fogo de sábado.

A retórica inflamada levou a Rússia a apelar novamente para que os dois lados cumpram a trégua humanitária. Mas Moscou e Ancara também trocaram acusações devido ao conflito, que já matou mais de 500 pessoas desde 27 de setembro.

São cada vez maiores os temores de que as duas potências regionais sejam arrastadas para o conflito sendo travado perto dos dutos azeris, que transportam petróleo e gás a mercados internacionais.

"A Armênia está tentando atacar e assumir o controle dos nossos dutos", disse o presidente azeri, Ilham Aliyev, em uma entrevista à emissora turca Haberturk.

"Se a Armênia tentar assumir o controle daqueles dutos, posso dizer que o desfecho será severo para eles."

O Ministério da Defesa do Azerbaijão disse, por sua vez, que destruirá todas as instalações militares da Armênia que visem localidades civis azeris.

Em 11 de outubro, resgatista e cão buscam sobreviventes no atingido por explosão de foguete durante o conflito na região separatista de Nagorno-Karabakh, na cidade de Ganja, Azerbaijão.

Umit Bektas/Reuters

Já o Ministério da Defesa armênio negou disparos contra alvos civis, mas disse que se reserva o direito de mirar qualquer instalação militar e combater movimentos no Azerbaijão.

Entenda o conflito

Nagorno-Karabakh é um território povoado principalmente por armênios. A região declarou independência do Azerbaijão pouco antes da queda da União Soviética. Esse movimento deflagrou uma guerra que causou 30 mil mortes e centenas de milhares de refugiados de ambos os lados na década de 1990.

Desde então, Baku acusa a Armênia de ocupar seu território e os confrontos armados são recorrentes.

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Hostilidades atuais

As hostilidades em curso são as mais sérias desde 1994. Após quase 30 anos de impasse diplomático, o presidente do Azerbaijão, Ilham Alyev, prometeu retomar o controle deste território, inclusive à força, se necessário.

Os países se acusam mutuamente pelos conflitos deste ano, que já causaram mais de 600 mortes --o número real é maior; o Azerbaijão não informa baixas militares.

Fonte: G1

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