Tailândia decreta estado de emergência em Bangcok após dias de protestos contra o governo

Por Rogerio Magno em 15/10/2020 às 11:04:41
Manifestantes pedem a saída do primeiro-ministro, o general Prayut Chan O Cha, que está no poder desde 2014; na quarta, protestos interromperam um desfile da monarquia tailandesa. Manifestantes 'pró-democracia' se reúnem nesta quinta-feira (15) em Bangcok, na Tailândia

Gemunu Amarasinghe/AP

O governo da Tailândia decretou estado de emergência em Bangcok, nesta quinta-feira (15), em resposta aos crescentes protestos "pró-democracia", contrários ao governo do general Prayut Chan O Cha, e que, na quarta-feira (14), interromperam um desfile da monarquia tailandesa.

Nesta quinta, centenas de manifestantes se reuniram no centro da capital enfrentando o decreto que proíbe reuniões de mais de quatro pessoas. Pelo menos 22 pessoas foram detidas durante esta madrugada, segundo o porta-voz da Polícia Nacional, Yingyos Thepjumnong.

Manifestantes enfrentam a polícia durante protesto em Bangcok, na Tailândia, nesta quinta-feira (15)

Rapeephat Sitichailapa/AP

Eles estavam reunidos em frente a sede do governo e pediam, entre outras coisas, pela saída de Chan O Cha, no poder desde o golpe de 2014. Os protestos pedem também por uma modificação da Constituição do país, favorável ao exército, e pela reforma da monarquia.

Os manifestantes pedem principalmente pelo fim da lei de lesa-majestade que pune severamente qualquer difamação contra um membro da família real. Em 2017, um homem foi condenado a 35 anos de prisão por postar e comentar no Facebook sobre a família real.

Enfrentamento real

Na quarta-feira, mais de 10 mil manifestantes "pró-democracia" fizeram uma caminhada até a sede do governo para celebrar o 47º aniversário do levante estudantil de 1973.

Em um momento do protesto, um automóvel que transportava a rainha Suthida não conseguiu evitar a manifestação e permaneceu parado por alguns instantes, quando dezenas de ativistas fizeram a saudação com os três dedos inspirada no filme "Jogos Vorazes", em desafio à autoridade da realeza.

Manifestantes fazem sinal com três dedos erguidos, em desafio ao poder da realeza da Tailândia

Gemunu Amarasinghe/AP

Um dia antes, outros ativistas fizeram a mesma saudação na passagem do rei Maha Vajiralongkorn. O soberano, que ascendeu ao trono em 2016 após a morte de seu pai, o venerado rei Bhumibol, é uma figura controversa.

Nos últimos anos reforçou os poderes da monarquia ao assumir o controle direto da fortuna real. As frequentes viagens para o continente europeu, inclusive durante a pandemia de coronavírus, provocaram polêmica.

Confinamento e economia

O gatilho deste levante popular foi a dissolução, em fevereiro, de um partido de oposição popular entre os jovens. Além disso, o confinamento do país durante a pandemia da Covid-19 afetou o turismo, peça fundamental da economia da Tailândia o que tem aumentado as desigualdades sociais.

Em junho, o inexplicável desaparecimento do ativista "pró-democracia" tailandês Wanchalearm Satsaksit, no Camboja, também desencadeou uma onda de indignação nas redes sociais e, desde meados de julho, nas ruas.

Pelo menos 30 mil pessoas marcharam em meados de setembro, na maior manifestação desde o golpe de 2014.

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Fonte: G1

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