Sede da final do futebol nas Olimpíadas, Yokohama foi um dos primeiros focos da Covid-19 com o caso do navio Diamond Princess

Por Rogerio Magno em 07/08/2021 às 07:05:17
Embarcação de cruzeiro ficou quase um mês de quarentena na cidade portuária em fevereiro de 2020. Em um momento de muitas dúvidas sobre o coronavírus, surto no navio trouxe importantes lições sobre o comportamento da doença. Mulher de máscara no Japão em frente ao cruzeiro Diamond Princess, em 21 de fevereiro de 2020

Philip Fong / AFP

A cidade de Yokohama, na grande Tóquio, recebe neste sábado (7) a final entre Brasil e Espanha pelo futebol masculino dos Jogos Olímpicos. Para os brasileiros, o estádio guarda boas lembranças: foi lá onde a seleção brasileira conquistou o pentacampeonato na Copa do Mundo de 2002.

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Fora do esporte, Yokohama também marcou por mostrar ao mundo um dos primeiros episódios preocupantes da pandemia de Covid-19: o surto no navio Diamond Princess, que deixou mais de 3 mil pessoas em quarentena. Foram 712 casos de coronavírus e 13 mortes.

Novo coronavírus nos EUA: passageiros e tripulantes de cruzeiro deixam navio nesta segunda

O navio de cruzeiro foi colocado em quarentena em 4 de fevereiro — mais de um mês antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia. A embarcação de passageiros havia passado pela China, o primeiro epicentro da Covid-19.

Naquele momento, o Japão tinha apenas 20 casos confirmados de coronavírus e havia barrado a entrada de pessoas que tivessem passado pela China nos 14 dias anteriores ao desembarque. Esses primeiros casos não eram relacionados ao navio Diamond Princess.

Quando as suspeitas da doença começaram, as autoridades japonesas correram para impedir que os passageiros e tripulantes desembarcassem. Então, o navio ficou parado no porto de Yokohama, o principal do Japão.

Passageiras do Diamond Princess, o cruzeiro em quarentena no Japão, acenam para os fotógrafos, em 16 de janeiro de 2020

Athtit Perawongmetha/Reuters

Navio Diamond Princess está atracado em Yokohama, no Japão, com infectados pelo novo coronavírus em quarentena

Kim Kyung-Hoon/Reuters

No começo, os casos não passavam de 10, e acreditava-se que o surto seria controlado com a manutenção dos infectados em quarentena dentro do próprio navio. No entanto, o coronavírus se espalhou e afetou centenas de pessoas — matando inclusive alguns dos infectados.

Somente em 1º de março de 2020, todos os passageiros e tripulantes do Diamond Princess puderam deixar o navio, que ainda ficou um tempo no porto de Yokohama por questões de segurança.

Menos de um mês depois, as Olimpíadas de Tóquio — programadas para julho de 2020 — acabaram adiadas em um ano justamente por causa do agravamento da pandemia. Com a crise sanitária persistindo no Japão, a maioria das competições ocorre sem público. Além do futebol, Yokohama recebeu o beisebol e o softbol.

Navio cruzeiro Diamond Princess

Guilherme Pinheiro/ G1

Aprendizados sobre o vírus

O lamentável surto de Covid-19 no Diamond Princess trouxe alguns aprendizados sobre o comportamento do coronavírus SARS-CoV-2 em um momento em que a nova doença trazia mais perguntas do que respostas. Veja algumas das lições:

Transmissão pelo ar — Embora muitas das autoridades tenham demorado a admitir, o rápido espalhamento do coronavírus deu pistas de que ele pudesse ser transmitido pelo ar, e não apenas por contato direto ou por gotas de espirros ou tosses. Estima-se que esse tipo de transmissão respondeu por 59% dos casos. Isso acabaria demonstrando a importância da boa ventilação dos ambientes e do uso de filtros em caso de locais confinados.

Transmissão por assintomáticos e pré-sintomáticos — O fato de o surto se espalhar mesmo com os ocupantes infectados isolados deu indícios de que o vírus podia ser transmitido por pessoas que não estivessem apresentando sintomas.

O comportamento da doença — Pacientes demonstraram sintomas em um "arco" diferente da gripe, que geralmente ataca já com sintomas mais fortes. No caso da Covid, a progressão é mais lenta, e casos podem se agravar por volta do 7º dia da doença.

Letalidade da Covid-19 — O navio era um ambiente de grande testagem e controle por ser um ambiente fechado, uma quarentena verdadeira. Assim, foi possível estimar uma letalidade em torno de 1% ou 2% dos casos. Embora os percentuais pareçam baixos, ao extrapolar para milhões de infectados isso se torna um número inaceitável — como acabou se provando com o passar do tempo.

Fonte: G1

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