Fim dos dinossauros: o que realmente aconteceu quando asteroide colidiu com a Terra?

Por Rogerio Magno em 17/10/2021 às 11:00:37

Escondida sob as águas do Golfo do México, a cratera Chicxulub marca o local do impacto de um asteroide que atingiu a Terra há 66 milhões de anos. O resultado mais importante desse evento cataclísmico foi a quinta extinção em massa, que exterminou cerca de 80% de todas as espécies animais, incluindo os dinossauros.

Mas, o que realmente aconteceu quando o objeto colidiu com a Terra?

Ao estudar a geologia da cratera Chicxulub e de outros pontos do mundo, cientistas conseguiram montar uma linha detalhada do que aconteceu naquele dia terrível e nos anos que se seguiram.

Ilustração digital dos dinossauros descobertos no Reino Unido em setembro de 2021
Desdobramentos da queda de asteroide provocaram a extinção dos dinossauros. Imagem: Anthony Hutchings/University of Southampton/Divulgação

Asteroide despencou em ângulo fatal

O asteroide colidiu com a Terra no ângulo mais destrutivo, de acordo com um estudo de 2020 publicado na Nature Communications. O objeto tinha cerca de 12 quilômetros de diâmetro e estava viajando cerca de 43 mil km/h quando criou uma cicatriz de 200 km na superfície do planeta, disse Sean Gulick, um professor pesquisador no Instituto de Geofísica da Universidade do Texas, que liderou o estudo.

Mais importante, o asteroide atingiu o planeta a cerca de 60 graus acima do horizonte. Este ângulo foi particularmente destrutivo porque permitiu que o impacto ejetasse uma grande quantidade de poeira e aerossóis (partículas ainda menores que as gotículas) para a atmosfera.

Gulick apontou para evidências que apoiam as simulações para o impacto em ângulo, incluindo a estrutura assimétrica da cratera, a posição das rochas do manto curvadas para cima, as sequências únicas de sedimentos em núcleos coletados da região e, em em particular, a ausência de um tipo distinto de rocha, chamados evaporitos, nos núcleos, como halita e gesso.

A equipe de Gulick estimou que o impacto teria vaporizado as rochas evaporíticas, enviando 325 gigatoneladas de enxofre na forma de aerossóis de enxofre, bem como 435 gigatoneladas de dióxido de carbono, para a atmosfera.

O material lançado na atmosfera consistia em grande parte de rocha pulverizada e gotículas de ácido sulfúrico, proveniente de rochas marinhas ricas em sulfato, conhecidas como anidrita, que vaporizaram durante a queda do asteroide, de acordo com um estudo de 2014 publicado na revista Nature Geoscience.

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Asteroide mudou clima e provocou “chuva ácida letal”

Esta nuvem de material microscópico criou uma mortalha ao redor do planeta, reduzindo a entrada de luz e calor solar. O resfriamento de longo prazo resultante alterou drasticamente o clima do planeta. Um estudo de 2016 na revista Geophysical Research Letters descobriu que a temperatura média nos trópicos despencou de 27 graus Celsius para apenas 5 graus Celsius). À medida que a luz solar que entrava escurecia, a fotossíntese diminuía e a base da cadeia alimentar na terra e no oceano entrava em colapso, derrubando os dinossauros e muitos outros animais.

Enquanto isso, o ácido sulfúrico aerotransportado levou a uma chuva ácida letal que caiu por vários dias após o impacto, matando inúmeros animais marinhos que viviam nas partes superiores dos oceanos, bem como em lagos e rios.

O impacto também desencadeou enormes tsunamis, ondas de águas que se propagaram pelos oceanos da Terra. A onda atingiu inicialmente quase 1,5 km de altura e viajou a 143 km/h. Uutras ondas atingiram alturas enormes, incluindo até 15 metros no Oceano Atlântico e 4 metros no Oceano Pacífico Norte. A evidência das ondas massivas, aliás, é preservada no registro de sedimentos ao redor da Louisiana, nos EUA. Um levantamento sísmico 3D da geologia sob o estado revelou grandes ondulações assimétricas de 16 metros de altura, que apontam para o local do impacto no Golfo.

É fácil para os geólogos verem quando o asteroide atingiu o local ao examinar as camadas rochosas; em rochas ao redor do mundo que datam do final do período Cretáceo (66 milhões de anos atrás), há uma fina camada de argila enriquecida com irídio, um elemento raro na Terra, mas comum entre as rochas espaciais.

Apesar de todos os desdobramentos catastróficos provocados pela queda do asteroide, Gulick acredita que o maior problema foram as mudanças globais na atmosfera da Terra, que levaram ao resfriamento do planeta por mais de uma década. “A única maneira de fazer um evento de extinção em massa é mexer com algo que afeta todo o planeta. Aqui, você tem evidências diretas de que isso aconteceu”, concluiu.

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Fonte: Olhar Digital

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