Costa Rica elege novo presidente sob o desafio da crise econômica

Por Rogerio Magno em 03/04/2022 às 13:14:59
Eleições acontecem neste domingo (3) no país, um dos mais estáveis da América Latina. Candidato da direita, Rodrigo Chaves apresenta vantagem sobre centrista Figueres em pesquisas. Campanha foi marcada por acusações mútuas. A Costa Rica vai eleger um novo presidente neste domingo (3), que terá o desafio de enfrentar a grave crise econômica que atinge uma das democracias mais estáveis e "mais felizes" da América Latina.

Na disputa, estão o direitista Rodrigo Chaves e o centrista José María Figueres. Ambos asseguram que a prioridade de seus governos será a economia, embora a campanha tenha tido mais acusações do que propostas.

O candidato da direita, Rodrigo Chaves, favorito nas pesquisas de intenção de voto, durante debate na semana passada

Reuters/ Mayela Lopez

Segundo as pesquisas, Chaves, punido por assédio sexual, lidera contra Figueres, um ex-presidente acusado de corrupção.

O candidato do centro e ex-presidente do país, José Maria Figueres, acena para simpatizantes neste domingo (3)

Mayela Lopez/ Reuters

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do país declarou a abertura das urnas às 6h do horário local (9h no horário Brasília), com encerramento às 18h (21h no horário de Brasília). Os primeiros resultados devem ser anunciados à noite.

Cerca de 3,5 milhões dos 5 milhões de habitantes desta nação são elegíveis para votar. O vencedor governará por quatro anos.

"Vou eleger a pessoa que eu gosto e que tem bons princípios para governar a Costa Rica. A primeira preocupação é que haja trabalho, economia e segurança", disse a operária Ángela Marín, de 58 anos, a primeira a votar no Liceo de San Antonio de Coronado, na capital San José.

"Os dois candidatos que ficaram são pessoas em quem não há muita confiança. Mas temos que escolher entre um dos dois e esperamos que haja algo de bom", acrescentou.

Longas filas se formaram cedo nos centros de votação da capital.

Prioridade: emprego

"O próximo presidente tem que mudar tudo. Aqui não há trabalho, não há nada (...). Quero que quem vencer lute por este país", disse a agente de viagens da 64 anos Ana Briceño em uma rua de pedestres em San José.

Briceño conhece de perto o impacto da pandemia no turismo, principal motor econômico deste país líder em proteção ambiental e com abundantes atrativos naturais.

A pobreza atinge 23% dos habitantes do país, que sofreu uma das maiores quedas de emprego na região entre 2019 e 2020 (-14%), junto com o Peru, segundo a CEPAL. Sua dívida é igual a 70% do seu PIB.

Apesar dos contratempos, a Costa Rica lidera o ranking na América Latina dos países "mais felizes" do mundo, segundo o mais recente "World Happiness Report".

"As questões urgentes a serem atendidas são aquelas que causam desconforto e sofrimento à população. Primeiro, a falta de trabalho. Segundo, o custo de vida", destacou Chaves, do novo Partido Progresso Social Democrático (PPSD).

Aos 60 anos, Chaves é um economista que trabalhou por mais de 30 anos no Banco Mundial. Foi também ministro da Fazenda do atual governo de Carlos Alvarado, por 180 dias, entre 2019 e 2020.

"Na agenda econômica, o desemprego é o mais importante, a criação de oportunidades de trabalho é a prioridade (...). Os primeiros projetos que vamos apresentar à Assembleia têm a ver com a promoção do trabalho", disse Figueres, do tradicional Partido Libertação Nacional (PLN).

Engenheiro industrial de 67 anos, já foi presidente entre 1994 e 1998 e é filho do histórico presidente José Figueres Ferrer, que extinguiu o exército em 1948.

Chaves recebeu uma sanção por assédio sexual a duas subordinadas no Banco Mundial e Figueres esteve envolvido em uma investigação por suspeita de corrupção por uma assessoria de US$ 900.000 prestada pela francesa Alcatel, que reconheceu o pagamento de propinas em troca de contratos.

Chaves assegura que os fatos, ocorridos entre 2008 e 2013, foram "brincadeiras" que foram "mal interpretadas por diferenças culturais".

Enquanto isso, Figueres, contra quem nunca foi aberto um processo formal, reconhece que errou ao não regressar ao país quando solicitado. A investigação foi realizada em 2004, quando ele trabalhava na Suíça.

Há 18,1% de indecisos, segundo levantamento do Centro de Pesquisas e Estudos Políticos (CIEP-UCR) de 29 de março.

Nas pesquisas, Chaves se manteve à frente, mas sua vantagem reduziu de 10 pontos percentuais no início de março para pouco mais de três.

As projeções atribuem a Chaves 41,4% dos votos contra 38% de Figueres.

O primeiro turno foi realizado em 6 de fevereiro com 25 candidatos, terminando com Figueres em primeiro.

Neste segundo turno, a Constituição estabelece que quem obtiver mais votos vence. Se houver empate, o mais velho vence. Neste caso, Figueres.

Fonte: G1

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