Câncer de Próstata: diagnóstico precoce salva 95% dos pacientes

"O que eu sabia era que o câncer matava, mas eu não tinha informações. Então, procurei logo um médico e, como era leigo, pedi ao doutor que fizesse a cirurgia", contou Edvaldo Martiniano, de 60 anos, logo após ser diagnosticado com câncer de próstata, em 2017 .

Há um ano sem realizar nenhum tratamento, mas sendo acompanhado por um urologista, Edvaldo contou ao NOVO Notícias como descobriu a doença e destacou a importância dos exames de rotina para o diagnóstico precoce.

Os resultados apontaram para a presença de câncer maligno ainda em estágio inicial. A descoberta foi importante para iniciar o tratamento precoce da doença. Isso aconteceu porque ele, desde 2014, já fazia o acompanhamento anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aos homens para prevenção da doença.

"Nos três primeiros anos que eu fiz como rotina, os exames já apresentaram alteração. Eu fiquei aperreado e fui buscar ajuda médica. Me indicaram para o Hospital Universitário Onofre Lopes, e lá eu descobri a doença. O médico solicitou exames, foi feito o toque, mas sem um diagnóstico preciso. Uma nova bateria de procedimentos foi realizada até que o resultado final apontou para câncer maligno", conta.

Durante cinco anos, Edvaldo foi acompanhado pela Liga Contra o Câncer de Natal. Realizou todos os procedimentos na unidade. Fez 38 sessões de radioterapia, porém, após refazer os exames ainda existiam riscos, com isso, ele foi submetido a outros métodos como a hormonioterapia – que funciona através da aplicação de injeções na região da barriga. Por causa do tratamento pesado, Edvaldo apresentou problemas de incontinência urinária e nos ossos, mas também já está sendo tratado.

O aposentado conta que devido à intensidade no tratamento do câncer de próstata precisou deixar de trabalhar, o que acarretou dificuldades financeiras. Mas foi através de uma amiga que conheceu a ONG Onco e Vida, que atua de forma gratuita dando suporte a pessoas acometidas com a doença e que estão em situação de vulnerabilidade.

"No momento que a gente descobre essa doença a gente fica sem poder fazer inúmeras atividades. Tive que parar de trabalhar, então, tive problemas financeiros. Mas encontrei a Onco e Vida que me ajudou nessa fase, dando todo suporte pra mim. Foi através da ONG que tive todo suporte durante o tratamento até hoje", destacou Edvaldo.

Edvaldo destaca a importância do acompanhamento anual e do diagnóstico precoce, que, para ele, fez total diferença no tratamento e cura.

"A confirmação do câncer de próstata assusta, traz medo, mas vi que existiam outras alternativas, que era possível continuar vivo. Posso dizer que o diagnóstico precoce salvou a minha vida. Se você não se cuidar, não terá condições de viver, e eu quero viver muito tempo", ressalta Edvaldo.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa para o ano de 2023 foi de 1.450 novos casos de câncer de próstata. Para os médicos, a busca por profissionais especialistas e a descoberta do diagnóstico precoce continua sendo a melhor alternativa.

Segundo os urologistas, dificuldade em urinar, sangue na urina, diminuição do jato urinário e dificuldade de manter a ereção são sinais de alerta para o câncer de próstata.

"A partir dos 45 anos os homens devem procurar o médico para fazer exames de rotina, como o PSA e o toque retal que podem contribuir com o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Já homens com histórico da doença em parentes de primeiro grau devem ter esses cuidados a partir dos 40 anos. Quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de próstata tem até 90% de chances de cura. Nessa fase, a doença pode não apresentar sintomas, por isso os exames de rotina são tão importantes", ressaltou a médica oncologista da Liga Contra o Câncer, Sulene Cunha.

Cuidado voluntário

Buscando proporcionar cuidado e apoio em um dos momentos de maior vulnerabilidade, a Onco e Vida – entidade civil sem fins lucrativos – atende adultos e idosos em tratamento de câncer. Ao longo dos últimos oito anos, 334 pacientes foram assistidos pela organização de forma gratuita.

"A instituição oferece toda assistência durante e após o tratamento, desde serviços: serviço social, fisioterapia, nutrição, psicologia, odontologia, assessoria jurídica, alfabetização, dança, artesanato, funcional e albergue diurno com café, almoço e lanche, bem como benefícios: medicamentos, cesta básica, suplementos, exames", contou Michely Costa, coordenadora social da instituição.

O trabalho na instituição conta com 23 colaboradores. Para manter as atividades e apoio aos pacientes, a organização sem fins lucrativos conta com doações que são essenciais para dar continuidade aos tratamentos dos pacientes que não conseguem custear todos os procedimentos.

"A Onco e Vida inicou as suas atividades no Estado em março de 2015 e mantém-se apenas por doações. A entidade recebe todo e qualquer tipo de doação, assim, podemos amparar o máximo de pacientes possíveis", afirmou Michely.

Uma campanha de todos

Assim como no movimento do "Outubro Rosa", a intensificação dos cuidados, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata são temas importantes no "Novembro Azul". Além de campanhas dos órgãos públicos, ongs e empresários se unem para propagar a importância do cuidado por parte dos homens.

Em Natal, uma empresária do ramo de vestuário montou nas lojas um espaço dedicado à campanha. Nos estabelecimentos, os funcionários vestiram literalmente a camisa. Durante todos os dias, os clientes têm acesso às camisetas e podem, de alguma forma, ajudar na propagação do cuidado.

"Como empresária e tendo duas empresas que apoiam movimentos sociais, achamos importante agir de forma consciente, tendo em vista que temos colaboradores e clientes que podem ser alertados e beneficiados pela campanha. Portanto, engajar-se e chegar junto no Novembro Azul é uma forma de demonstrar preocupação e cuidado com a saúde dos homens, promovendo uma cultura de prevenção e bem-estar dentro das empresas", disse Narcisa Costa.