Professora da rede pública dá aulas virtuais para educar alunos surdos no RN: 'Saudade de abraçá-los'

Por Rogério Magno em 15/10/2020 às 15:36:37
Com aulas suspensas na rede estadual, Maria Zilda Medeiros seguiu com atividades para que alunos não desistissem da escola. Maria Zilda decidiu seguir dando aula virtualmente aos alunos

Cedida

Quando a pandemia começou e as restrições sociais se intensificaram no Rio Grande do Norte, em março, a professora da rede pública Maria Zilda Medeiros viu as escolas fecharem e as aulas pararem sem qualquer perspectiva de retorno.

Governadora do RN anuncia que aulas presenciais na rede pública só voltam em 2021

Seguindo uma orientação do Governo do RN a partir de maio, ela se reinventou e começou uma conexão on-line com os alunos. Um desafio que se tornou ainda maior para ela, que é educadora de alunos surdos, mas que, ao comemorar o Dia do Professor nesta quinta-feira (15), ela acredita que tem valido a pena.

Maria Zilda Medeiros dá aula de Libras e Língua Portuguesa na Escola Estadual Professora Ocila Bezerril, em Montanhas, cidade cerca de 80 quilômetros de Natal e que fica próxima à Paraíba, onde ela mora, na cidade de Jacaraú.

Encontros tem acontecido de maneira virtual

Cedida

Ela conta que o trabalho com alunos surdos tem sido desenvolvido há três anos.

"A gente vinha desenvolvendo um trabalho pra os alunos surdos aprenderem a escrever e as Libras. Mas eu tinha dois alunos que vinham aprendendo a desenvolver a escrita para fazer a redação do Enem. Então, na hora que parou as escolas, busquei junto aos pais desenvolver um trabalho para continuar a escrita desses alunos surdos", contou.

As atividades podem ser recolhidas pelos alunos na escola, mas toda atividade deve ser feita de casa. Em caso de dúvida, a professora tem horários na semana para atendê-los on-line.

A experiência não tem sido fácil, segundo ela, mas é compensador. "A experiência tem sido algo novo, mas algo que deixa realizações, por a gente estar buscando incentivar os alunos a continuarem estudando".

Ela explica que nem todo tipo de atividade é coberta de forma suficiente por uma aula virtual. "Sabemos que às vezes a internet não é o suficiente para desenvolver as atividades, mas estamos fazendo o máximo para fazer os alunos não desistirem e continuarem a estudar", reforçou.

Aulas tem sido feitas de maneira virtual

Cedida

Para além da dificuldade da comunicação virtual, Maria Zilda comenta que a distância dos alunos nesses tempos de pandemia aumenta a saudade deles. E que uma da principais faltas do contato diário é de poder abraçá-los.

"Na aula presencial a gente tem o contato com o aluno, a gente vê o semblante de perto, qual a maior necessidade do aluno. A aula a distância a gente tem esse bloqueio de comunicação, de contato com o outro, então assim, isso deixa muito a desejar, porque a gente é tanto professor, como a gente passa a ser um conselheiro daquela pessoa, um amigo", conta.

"Com essa distância, tem esses pequenos bloqueios, a saudade de sentir, de dar um abraço, de dizer que está bem, está vivo. Isso é muito bom. Dá muita saudade a falta da aula presencial".

Foto de antes da pandemia: professora Maria Zilda Medeiros, ao centro, ao lado dos alunos

Arquivo pessoal

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab